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A artista plástica Olivia, a Whippet.
A artista plástica Olivia, a Whippet.

Silêncio

A convivência nas grandes cidades é um paradoxo. Durante o empurra-empurra do transporte público, onde corpos esbarram de maneira abrupta, ou mesmo se deslocando pelas ruas, as pessoas buscam o recolhimento e o acolhimento em si mesmas, utilizando seus fones de ouvido.

Em “Silêncio” – seu novo trabalho – Olívia, a Whippet, mostra a sua angústia com a falta de interação e comunicação dos humanos, propondo uma reaproximação com comportamentos de outrora.

"Silêncio" (Apple Earpods) - 2016.

“Silêncio” (Apple Earpods) – 2016.

Ao desconstruir fones de ouvido, a artista afirma seu desejo de ver uma nova forma de convivência das pessoas. Despidos de um escudo auditivo, os humanos são obrigados a escutar o som ao redor, (re)criando vínculos com aquilo e aqueles que os cercam. Olívia acredita que a capacidade de ouvir está em falta nos dias de hoje, especialmente no período atual do Brasil.

O awareness político-social não é a única característica da obra e da artista. Ao utilizar fones de ouvido da Apple, Olívia passa um forte statement: Marcas estabelecidas não são sinônimo de status ou poder, já que são igualmente frágeis sob sua ótica.

Dia da apresentação | Foto: Carol Boaventura
Dia da apresentação | Foto: Carol Boaventura

Ah, a música

(Ou: Sobre Quarta)

Quando morava em BH, além da Carol, da minha família e dos meus amigos, três coisas eram fundamentais para manter o meu bem-estar mental e físico: o futebol das segundas, as pedaladas das terças e a bateria. No processo de mudança, tive que deixar essas três coisas pra trás, porque elas seriam resolvidas no tempo certo. E nesses cinco anos e meio, a bateria era a única que não aconteceu como deveria.

Porque eu joguei futebol algumas vezes. E eu trouxe a minha Giant velha de guerra de BH para cá e ganhei uma bicicleta dobrável em 2013, então ficou tudo certo. Mas nunca consegui engatar uma banda ou uma turma para ensaiar eventualmente. Fiz dois ensaios com o Rodrigo Borges, em um dos encontros promovidos pelo twitter. E a sensação foi a mesma das primeiras vezes que toquei bateria, tamanha a insegurança. Através do Rodrigo, conheci o Alessandro e ao longo de 2015 fizemos mais uns três ensaios, dessa vez junto com o Diguin, broder desde a pré-escola e parceiro de algumas bandas em BH. Infelizmente, as atribuições da vida real não ajudaram. E isso causava uma frustração enorme, de perder o tesão pela música.

Até que um dia, o Gustavo Silva, que trabalhou comigo na WorldSkills São Paulo 2015, falou da prática de banda que ele fazia em sua escola de música. E eles precisavam de baterista. Para tocar Beatles. Pensei comigo, era perto de casa, uma hora por semana, repertório bom. Eu daria a chance.

Fiz uns dois ensaios e achava tudo esquisito, mas era uma reaproximação com a música. O nível de recomeço era tão grande que voltei a tocar com a bateria montada para canhotos, totalmente invertida. Eu havia montado ela para destro em 2005, quando voltei a fazer aulas de bateria. Mas, como estava parado a muito tempo, resolvi arriscar. E o negócio engatou e fui gostando de novo de tocar. E tudo começou a ficar super divertido, principalmente a quarta-feira, dia da apresentação de fim de ano da escola.

Só três músicas: “Getting Better”, o medley de “Abbey Road” e “Roll Over Beethoven”. Eu estava nervoso, claro, mas entrei sem pressão e cobrança nenhuma. Na minha cabeça, ninguém estava preocupado se eu sabia ou não tocar, com o que ia acontecer. O que era bem diferente de quando queria viver de música, onde eu tinha que provar que era bom, que era “o” baterista, pelo menos na minha cabeça. Em determinado momento, e em Belo Horizonte ainda, isso acabou com minha vontade de tocar. O show na quarta-feira foi a consagração do reencontro. Eu finalmente saquei o quanto a música, a bateria e tocar com outras pessoas são coisas importantes pra mim. Não mais como meio de vida, mas como uma forma de relaxamento e de ver as coisas de uma outra forma.

Que isso se repita em 2016. 🙂

Ah, aqui embaixo tem o vídeo da apresentação e algumas fotos. Sobre o vídeo, coloquei a GoPro na caixa de baixo e mandei ver, mas, sem o devido apoio, a câmera caiu no fim do Medley. 🙁
As fotos são uma gloriosa contribuição da Carol. (Todas elas estão aqui) 🙂

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Todos nós durante o Team Building feito em junho/2015.
Todos nós durante o Team Building feito em junho/2015.

O fim e o começo

(Finalmente consegui terminar)

Só para não deixar em branco, em 1º de dezembro o escritório da WorldSkills São Paulo 2015 foi fechado aqui em São Paulo. Foi o fim de um projeto que foi intenso e deu um orgulho monumental de ter feito parte. Foram 625 dias vivendo a maior experiência profissional que já tive, até hoje.

Aliás, post de despedida da Ciatech, afirmei que aquela tinha sido a minha experiência mais completa… até hoje! Obviamente, a da WorldSkills passou. E eu espero que todas sejam assim. Sinal de que estamos aprendendo.

E não faltou aprendizado. Um projeto desse tamanho te faz ser colocado a prova todos os dias, em todas as frentes. Porque não bastou ser só bom no que fui chamado para fazer, era preciso ser bom nas relações interpessoais, no mindset de trabalho, na resiliência. O escritório foi uma mistura de experiências, culturas e gerações. O que foi bom e ruim. Porque juntou a turma que veio do mercado, com gente com anos de SENAI, pessoas em São Paulo, pessoas em Brasília, pessoas no mundo todo, gente acostumada a fazer grandes eventos, gente que não estava acostumada com isso. Todo o tipo de opostos reunidos no mesmo lugar. Se eu presumia que o trabalho remoto poderia dar certo, hoje tenho certeza.

Mas acabou e fizemos um trabalho maravilhoso, digno de portfólios e perfis do LinkedIn. 😉 Claro, não sem drama e dificuldades. E aí entra um ponto fundamental, o sentimento de equipe e proteção. Poucas vezes vi isso em um time. As pessoas realmente se preocupavam umas com as outras e todo mundo se apoiou nas horas mais difíceis. Muito mais do que a experiência profissional, estou levando essas pessoas comigo pra vida.

Fico muito feliz de ter feito parte disso tudo. Pude me descobrir e me reinventar como profissional e tive a chance de dar vazão à criatividade, já que consegui fotografar e criar um bocado durante o tempo que rolou o projeto.

E o que vai acontecer agora?

42formas para fazer diferente

Junto com dois amigos, Marcos Arthur e Bethania Duarte, vou tocar o nosso próprio negócio, a 42formas. Nosso foco é a educação corporativa, com foco no online. O Marcos já está em tempo integral na empresa, e agora é a minha vez. Na 42, pesquisamos novas formas de ensinar e aprender, novas maneiras de transmitir conteúdo. Gostamos de trabalhar com pessoas de formações e lugares diferentes.

Ser dono do próprio nariz pela primeira vez traz um mix de sentimentos conflitantes: medo, tranquilidade, ansiedade e gratidão. Mas estou confiante de que vai dar certo. 😉

Acabooou! Acabooou! É teetra, é teetra!
Acabooou! Acabooou! É teetra, é teetra!

Jornalista, 10

(Se segurem, lá vem textão!)

Há dez anos fui diplomado como Bacharel em Jornalismo. É uma data que significa alguma coisa, nem que seja o momento para uma rápida retrospectiva. Já estava pensando em escrever sobre o assunto e muitas lembranças apareceram depois de vasculhar os meus backups de fotos, ler quase toda a categoria “Terceiro Grau” deste blog (que vergonha!) e alguns dos materiais que produzi durante a faculdade.

Eu não sei quando/como escolhi o Jornalismo. Sei que pensei em prestar vestibular também para Arquitetura e Direito. O primeiro a sair dessa lista foi o Direito e é fácil saber a razão. Jamais teria paciência para tanta teoria. No mata-mata, acabei ficando com Jornalismo. (Embora ache que eu seria um bom urbanista).

No meio do terceiro ano, prestei vestibular como “treineiro” na PUC-MG e passei, mas não podia cursar. Na hora que estava valendo, fiz provas na UFMG e novamente na PUC. Não é assunto para esse post, mas o terceiro ano do ensino médio foi absolutamente frustrante pra mim e transferi isso para a minha preparação para o vestibular. Não consegui nada na PUC e fui para a segunda etapa do vestibular da UFMG com a nota de corte, graças ao fato de ter ido muito bem na prova de matemática e ter fechado a prova de inglês. Obviamente não passei, e aí minha primeira metade de 2001 foi dedicada à um cursinho – que também fiz de forma mequetrefe – e mais um vestibular na PUC e outro no UNI-BH. Acabei passando no segundo.

Eu, Rafael Passos, Ana Paula, Rita, Carlin e Marcelo. Fizemos essa foto para um trabalho do segundo período, em 2002, se não me engano.

Eu, Rafael Passos, Ana Paula, Rita, Carlin e Marcelo. Fizemos essa foto para um trabalho do segundo período, em 2002, se não me engano.

Sobre os quatro anos, recomendo a leitura de cada lamentação que escrevi neste blog e que estão arquivadas na categoria “Terceiro Grau”. Eu não queria ter sido meu amigo durante a faculdade, já que chatice e o #mimi foram mato no período. Foi uma tremenda montanha-russa, com períodos de descobertas, afirmações, frustrações e decepções. Tudo ao mesmo tempo. Pelo menos as matérias eram mais legais e tinham mais a ver comigo, como por exemplo rádio e fotografia. Absolutamente fascinantes.

Da disciplina de rádio saíram dois programetes: O Jesse Valadão Show e o Madrugada 98, duas tentativas de fazer humor. O interesse pela fotografia hoje é auto-explicativo, imagino. Só acho que deveria ter começado a levar a sério antes. 🙂

Em uma turma que não tinha a mais harmoniosa das relações, descobri uma meia-dúzia de pessoas que quero manter sempre perto. Aliás, a relação da turma foi assunto polêmico do discurso da oradora da turma. Relembrando o caso vejo que poderíamos ter lidado melhor com a situação. São coisas da idade. E sobre os amigos, são aqueles que distância, tempo e afins não separam.

Os episódios de frustrações e decepções foram muitos: Trabalhos idiotas e matérias defasadas, que matavam o meu interesse pelo curso. O processo do projeto de monografia, que simplesmente não andava. O exame especial na última matéria, quase no apagar das luzes.

Aos trancos e barrancos cheguei ao final do curso. Na minha monografia, que deslanchou!, acompanhei as práticas da assessoria de imprensa do Cruzeiro. Foi o tiro de misericórdia nas minhas pretensões de um dia trabalhar no clube, que era um dos desejos antigos deste escriba. Vi muita coisa esquisita e que era o contrário do que imaginava ser “o certo”. E a dissertação ficou até legal, na minha humilde opinião.

2005. Ganso, Marcelo, eu e Carlin, no dia das fotos para o convite da formatura. Todos nós estamos mais bonitos hoje.

2005. Ganso, Marcelo, eu e Carlin, no dia das fotos para o convite da formatura. Todos nós estamos mais bonitos hoje.

Tive a felicidade de colar grau no mesmo dia do aniversário de 50 anos do meu bom e velho pai. Felicidade dupla por ter sido o juramentista da colação, e por consequência, o primeiro a ser declarado Bacharel em Jornalismo da turma. Final feliz para a nossa história no UNI-BH. Depois dali cada um seguiu seu rumo.

Juramentando com emoção. Era o fim da jornada. :)

Juramentando com emoção. Era o fim da jornada. 🙂

No final das contas, a conclusão é óbvia: eu tenho um orgulho tremendo da escolha que fiz. Pouco exerci a profissão de jornalista, de estar na rua e tal, mas tenho um profundo respeito pelo ofício e pela “instituição” jornalismo. Deve ser por isso que sou um crítico eventual da profissão hoje. Eu comecei e terminei o curso trabalhando dentro de agências digitais e desde sempre trabalhei com comunicação digital, que é algo que eu gosto de fazer e acho que sou bom nisso. O ambiente digital me dá a oportunidade de usar duas características importantes do ofício do jornalista: ser curioso e saber ouvir e contar histórias. Este blog, o Ainda Sem Nome, meu instagram, o que eu pesquiso/leio/escuto/publico, são reflexo dessas duas coisas, que foram aguçadas pela faculdade de Jornalismo.

Qualquer que seja a sua profissão ou formação, esse é o conselho do jornalista que vos escreve: Seja curioso e tenha interesse pelas histórias. Com elas você consegue compreender melhor o mundo ao seu redor e isso sempre é benéfico.

E parabéns para todos nós!

WorldSkills vista do Cyber | Créditos: WorldSkills International
WorldSkills vista do Cyber | Créditos: WorldSkills International

Sobre a WorldSkills

Antes de começar o internato na WorldSkills São Paulo 2015, a minha ideia inicial era fazer um post por dia. Ou um vídeo por dia. Ou pelo menos conseguir atualizar vocês com alguma coisa sobre o que eu vivia nos bastidores da Competição com alguma regularidade. Mas não dá tempo, simplesmente não dá tempo. Por isso, vou tentar fazer agora, aos poucos, em alguns posts. Uma semana depois do fim do evento.

É difícil conseguir digerir e compilar o que foram os 14 dias dentro do Anhembi. E esse primeiro post é reflexo disso. Aqui são as impressões mais gerais, depois vou tentar entrar em detalhes, já que ficamos 100% focados na preparação da Competição e vivemos tudo muito intensamente lá dentro. E, claro, foi a concretização de um projeto de 15 meses. Era a hora de ver (quase) tudo o que foi planejado sendo colocado em prática.

Haka durante a Cerimônia de Abertura | Créditos: WorldSkills

Haka durante a Cerimônia de Abertura | Créditos: WorldSkills

Como chegamos nove dias antes do primeiro dia de Competição, foi bacana ver o Anhembi tomando forma. E esse prazo todo foi fundamental para se familiarizar com o espaço, com os processos e as pessoas. A velocidade que as coisas sobem impressiona. Em questão de horas um ambiente é transformado. E montagem de evento e o próprio evento requerem flexibilidade e desapego. Você precisa saber algumas coisas: 1) Aqui é trabalho, meu filho!; 2) Tenha jogo de cintura; 3) Aproveite a viagem.

Momento contemplativo durante a montagem

Momento contemplativo durante a montagem

Aqui é trabalho, meu filho!, porque você acaba fazendo de um tudo na montagem, de reuniões estratégicas até carregar caixas, atravessar o Sambódromo atrás de credencial para os seus fornecedores ou ir buscar material de escritório no almoxarifado na ponta do Pavilhão. Como o time de Comunicação era responsável por três salas e mais de cem pessoas, todo mundo se desdobrou pra colocar as coisas em ordem.

Sobre o time de Comunicação, um adendo: Há uma grande vantagem em trabalhar com gente boa de serviço e onde mais de uma pessoa sabe fazer o mesmo ofício. As coisas fluem com mais tranquilidade. Mais do que nunca, uma pessoa do time cobria a outra e tudo andava bem, dentro do cenário caótico.

Os dias também não tinham hora pra acabar, principalmente antes da Competição começar. Então quando você se dá conta, está caminhando pelo Pavilhão às 2h da manhã checando se TVs e tótens estavam em ordem. Ou indo pela terceira vez no mesmo lugar resolver o mesmo problema. Resultado: andei 213 km no período da Competição.

O fitbit não mente

O fitbit não mente

Tenha jogo de cintura, porque o evento é gigante. Todos estão no mesmo barco, porém são culturas, históricos, experiências e urgências diferentes. Numa conta de padeiro, só na sala de Comunicação a gente tinha pessoas de pelo menos dez países diferentes trabalhando. Cada um com uma forma de trabalhar bem distinta. Sem contar os atendimentos: Podia ser um jornalista indiano pedindo uma credencial para uma Cerimônia ou a Expert húngara de marcenaria reclamando que as identificações dos competidores da sua ocupação estavam erradas.

É preciso também muita sabedoria para se colocar no lugar do outro, e isso faz com que dificilmente seu problema será o maior de todos ou sua demanda será a mais urgente. Um exemplo: Eu precisei de mais de 80 credenciais para meus fornecedores. Cada mudança de profissional ou nova necessidade significava uma ida ao credenciamento. E o time de credenciamento estava completamente atolado, lidando com problemas muito mais graves. Não dá para chegar e simplesmente cobrar. No tempo certo, tudo se resolve. 🙂

A WorldSkills São Paulo 2015 foi a maior oportunidade para trabalhar com culturas (nacionais e institucionais) diferentes e muitas vezes sob pressão. E se não tiver jogo de cintura, o negócio não vai pra frente.

Finalmente, aproveite a viagem. A minha regra pessoal era simples: “Galera, não cortem minha onda!”. Foram 15 meses de trabalho árduo, reuniões, planejamentos e pontos de vista diferentes. Isso significou um desgaste emocional, físico e muitas vezes interpessoal. Muita coisa deu certo, algumas não saíram como planejado, mas era impossível não sentir orgulho do que foi feito. Pessoalmente foi uma chance de ouro para conhecer muita gente nova e amadurecer tremendamente. Ganhei uns 15 anos em 15 meses, tranquilamente.

A atmosfera mudou quando os Competidores começaram a chegar no Anhembi. Era o sinal de que as coisas estavam de fato acontecendo. As delegações entrando durante a Cerimônia de Abertura, os gritos de guerra, os neozelandeses fazendo o haka.

É impossível não se emocionar com toda a movimentação dos visitantes durante a Competição. Meu tio foi com meus priminhos, de 9 e 7 anos de idade. Os olhos dos meninos brilhavam e não é pra menos. A WorldSkills é a celebração dos diferentes tipos de inteligência e criatividade humanas e isso é fascinante.

Tensão na Cerimônia de Encerramento | Créditos: WorldSkills

Tensão na Cerimônia de Encerramento | Créditos: WorldSkills

Visitação  | Créditos: WorldSkills

Visitação | Créditos: WorldSkills

Claro, tudo o que é bom tem hora pra acabar. O processo de desaceleração é muito mais abrupto do que o de aceleração. A Competição acabou às 16h do sábado, 15. Devia ser umas 22h quando entrei no Palácio de Convenções para checar algo na nossa sala. O processo de desmontagem já estava em pleno vapor, e todos os estandes já estavam no chão. Me deu uma vontade de falar “calma, gente! Vamos subir essa parede de novo. Me dá um tempinho pra acostumar com a ideia que tudo acabou!”. Em vão. O Anhembi precisa ficar pronto para outro evento.

E a gente tem que planejar os próximos passos. Fico tremendo orgulhoso de poder colocar a WorldSkills na minha vida e no meu currículo. E espero que o nosso trabalho tenha ajudado a colocar a educação profissional na pauta de formação e carreira dos jovens. Se isso acontecer, foi sinal de que nosso trabalho foi bem feito. E isso é muito bom. 🙂

Parte do time!

Parte do time!

Ah, temos fotos maravilhosas no Flickr da WorldSkills e vídeos sensacionais no canal no YouTube.

Foto que fiz durante a Olimpíada do Conhecimento Nacional em 2014.
Foto que fiz durante a Olimpíada do Conhecimento Nacional em 2014.

Tem talento, mas tem muito trabalho também

Na sexta-feira passada, o Jornal Nacional fez uma matéria sobre a Olimpíada do Conhecimento carioca. Essa é a Competição regional que definiu os representantes do Rio de Janeiro na Olimpíada do Conhecimento nacional, que ocorre em 2016. Dali sai o time brasileiro para a WorldSkills Abu Dhabi 2017.

A matéria é legal porque ajuda a conceituar o que é competição de educação profissional. Apesar de não citar de nenhuma forma a nossa gloriosa WorldSkills São Paulo 2015, abriu uma brecha para colocarmos esse assunto na pauta. Mas o que me incomodou de fato foi o termo martelado de maneira ampla: Talento. William Bonner apresenta a matéria dizendo que o repórter acompanhou um “concurso de talentos que durou três dias”.

Eu concordo completamente com a definição de talento: “(…) a inclinação natural de uma pessoa a realizar determinada atividade. O talento facilita o sucesso nesta atividade.” Mas nem de longe é a melhor palavra para definir uma competição de educação profissional.

Neste conceito, a educação profissional continuará sendo segregada. Como falei aqui, um dos desafios que temos na organização da WorldSkills São Paulo 2015 é justamente popularizar e “desmistificar” o ensino técnico. E quando eu digo que é um “concurso de talentos” eu continuo dizendo que é para poucos, sendo indispensável uma aptidão natural para aquelas ocupações. E não é necessariamente desta forma. O jovem não pode ficar em dúvida e pensar que não tem a habilidade manual ou a inteligência necessárias para ser um confeiteiro, um soldador ou um desenhista cadista. Alguns podem ter, outros irão descobrir quando colocarem a mão na massa. Com aprendizado, treinamento e (muita) repetição, irão se tornar os representantes de suas escolas na Competição estadual.

Claro, o jornal escolheu o recorte mais popular. A competição de tornearia, por exemplo, poderia ser distante demais do cotidiano das pessoas (além de ser uma competição mais… nerd). Mas a abordagem precisa ser diferente. É preciso reforçar que os Competidores foram escolhidos dentro das escolas por serem os melhores de suas turmas. Não só por causa do talento, mas também por esforço e muito estudo.

E aí, não poderia concordar mais com fechamento da matéria. No final das contas, a medalha é só um detalhe. O grande prêmio é estar preparado para o mercado de trabalho e ajudar no reconhecimento da educação profissional como uma sólida opção de carreira no Brasil.