Demorei um tempo vendo o que foi o meu 2016 antes de começar a escrever e fazer essa reflexão. Tem gente que não gosta dessas reflexões, acha uma bobagem. Eu discordo, já disse mil vezes. Fins de ano são ritos de passagem pra mim e acho muito importante a gente ver o que acertamos, erramos e passamos. Acaba servindo de aprendizado, né?
E 2016 foi um ano bom?
Depende. Não fiquei doente, me cerquei de pessoas ótimas, conheci gente nova, me reaproximei de amigos e amigas que andavam afastados, pude ir ao SXSW e me descobrir lá, trabalhei direitinho e dentro do que consegui. Ouvi muita música e descobri muitos artistas novos. Eu e o Caio fizemos QUARENTA E SETE edições do Ainda Sem Nome. Acho que melhorei um pouquinho mais como fotógrafo. Então pessoalmente – ou no lado produtivo da coisa – foi um ano bom.
Mas 2016 foi um ano merda por causa do golpe, da cassação da Dilma, desse discurso maquiado da “não-política”, pela quantidade de gente bacana que morreu, pela descrença das pessoas em relação ao mundo hoje. E fiquei impressionado como cada notícia ruim, cada pequena contrariedade foi me minando. Não sei se é a idade, mas antigamente eu achava que essas coisas não me afetariam (tanto). Hoje afetam. E nesse ano em especial, bagunçaram muito a cabeça, que ficou se questionando se a gente tem controle das coisas de fato, se a vida pode ser mais simples, qual é o sentido de tudo. Não é fácil.
Não é fácil, mas a gente tem que se virar de alguma forma. Simplesmente dar as costas e não ligar pra isso não adianta. Não vou parar de prestar atenção nas coisas que me rodeiam, mas eu posso tomar conta dos sentimentos e de como esses fatores todos me afetam. E aí, pra um 2017 sem tantos sustos, a solução talvez seja…
… ter menos medo e mais amor. Ou transformar o medo em amor. Vamos tentar fazer esse ser nosso mantra. Não tenho o controle de tudo, mas pelo menos isso eu posso tentar controlar.
A gente se vê ali em 2017.
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Fiz esse post escutando essa música em loop.
“Walk that line, torn apart
Spend your whole life trying
Ride that train, free your heart
It’s midnight up in Harlem”