(O motivo da foto: Esse post entraria ontem. Mas o César ganhou o BBB e todo mundo começou a falar disso. Ninguém tava afim de falar de jornalismo, imagino.)
O Dia do Jornalista ontem foi recheado de notícias ruins para o menino jornalismo. O Estadão demitiu vários profissionais, fechou cadernos e vai acabando. E eu, que pego tão pesado com o ofício e com a preguiça de alguns colegas jornalistas, vejo cada vez mais que a culpa não é deles. A culpa é do modelo de negócio dos veículos, especialmente no Brasil, que está esgotado.
Isso é particularmente curioso. Por um lado, produzir e distribuir conteúdo nunca foi tão fácil. Mas, igualmente fácil – e muito mais rentável – é a busca por cliques, audiência e afins. É o lado que prioriza as manchetes horríveis, mais veículos tentando fazer “Buzzfeed” em seus portais – como se listas resolvessem os problemas – e conteúdo ruim. E o jornalismo ruim, preguiçoso, que me dá raiva, atropelou o jornalismo bom, investigativo. O primeiro é o que a audiência quer saber, o segundo é o que ela precisa saber. (Peguei essa referência desse post da Carta Capital).
Não precisamos falar do primeiro. Ele tá aí nos portais todos os dias, toda hora. Já o segundo, parece que os veículos “tradicionais” não conseguem fazer reportagens como antigamente. Nos grandes portais, vejo o TAB do UOL como uma exceção. O Vice Brasil consegue fazer jornalismo investigativo muito bem feito e com uma estrutura menor. Mas são os exemplos que eu tenho.
De qualquer maneira, a saída talvez passe por redações mais enxutas e com certeza acaba no bom conteúdo. O atual estado do jornalismo precisa, mais do que nunca, de bons profissionais. Gente que vai atrás das histórias e dos dados, que gosta de por a mão na massa e fazer conteúdo de qualidade. Talvez menos dependente das grandes redações. Com a distribuição fragmentada, como falamos no post sobre o Facebook, o bom conteúdo vai achar seu espaço, em qualquer lugar que seja oferecido para sua distribuição.
Possíveis boas discussões a partir desse post:
1) Podemos definir “público para o bom conteúdo”? Para o dono do jornal, é o que traz audiência somente. Para o jornalista, é o que informe, crie uma massa crítica e dê audiência. Eu fico com essa segunda opção.
2) Alguns amigos que leram essas linhas acham que o sindicato poderia ajudar a categoria. Vários jornalistas entram mais cedo e saem mais tarde cobrindo os colegas demitidos nos passaralhos e a nave segue.