Esse caso aconteceu na manhã da quarta-feira passada e contém palavras de baixo calão (oba!).
Estava eu na Estação Paulista do metrô, esperando a condução chegar e fazer o segundo terço do meu deslocamento sobre trilhos. Cabisbaixo, pensando na vida, chateado com a Naomi, iPod tocando qualquer coisa.
Qualquer um que pega metrô esse horário sabe do silêncio de velório que se faz na baldeação entre as linhas 2 e 4 e na plataforma da Paulista. Deve ser por isso que todo mundo começou a prestar atenção em uma discussão entre dois passageiros. Um, mais exaltado, querendo caçar briga com outro porque ele, supostamente, foi pisado no pé. “Seu mal educado”, “não faça isso de novo”, “aqui não é sua casa” etc e tal. Era quase um monólogo, uma vez que o suposto agressor estava calado.
O famoso machão, o cara que não tem medo de nada. Destemido, blá, blá, blá. Ele parou a discussão, se afastou do seu alvo e veio até o bolinho onde eu estava. Estalava os dedos e dizia “que vontade de desestressar”, “se ele faz isso diariamente, hoje achou um cara que vai confrontá-lo”, “vou ensinar a educação que esse cara não teve”, em meio aos acenos constrangidos de cabeça dos outros. Quando fez-se o silêncio, ele voltou pra brigar com o sujeito. “Agora vai”, uma dúzia de pessoas pensou. Dedo em riste, rostos quase colados, o cara que supostamente iria apanhar ainda não estava entendendo qual era o problema, mas tomou uma decisão sábia. Resolveu sair daquele quiprocó, soltando um “vai chupar uma rola e dar meia hora de bunda“.
Pronto, era a deixa. Uma meia dúzia já se afastou, outros começaram a fazer as apostas, todo mundo tinha certeza que iria rolar a maior pancadaria, mas não. O machão deve ter presumido que aquela era uma boa ideia, porque ele virou as costas e voltou pro bolinho, calado. Acho que aquilo ali não estava no script.