5 de fevereiro de 2007 Felipe

Eu sobrevivi ao Alçapão do Bonfim

Ontem parecia o dia ideal para conhecer o famoso Estádio Municipal Castor Cifuentes, também conhecido por “Alçapão do Bonfim”, localizado em Nova Lima. Apesar do calor e da promessa (cumprida) de chuva, resolvi encarar o jogo entre Cruzeiro e o time da casa, o tradicional Villa Nova. Terceira rodada do Campeonato Mineiro, os times bem na tabela. Vale lembrar que o Villa Nova na década de 20 fazia o “Clássico das Multidões” contra o Atlético Mineiro, quando os dois times tinham tamanho e futebol condizentes com o nome do clássico.

90 anos depois, multidão era o que se via no portão de entrada da torcida cruzeirense. Além da gigantesca fila formada, os torcedores tumultuaram a entrada do portão. O pai de um amigo resolve perguntar à Polícia qual era a razão daquela aglomeração de pessoas. “Não sei, já perdemos o controle”, retruca o PM. Os policiais resolvem ampliar a entrada, resultado: muitas pessoas entraram sem ingresso. Paciente e ordeiramente, chegamos ao portão. Na hora da revista, fui puxado por um policial que demonstrou toda a sua sutileza na hora de fazer o trabalho. “Abre as pernas, senão eu vou machucar seu saco”, enquanto apalpava com raiva as minhas pernas.

A torcida cruzeirense ocupou toda a arquibancada localizada atrás do gol e a solução foi assistir o jogo no alambrado. Com alguns minutos de jogo, vimos o excesso da polícia na tentativa de ampliar o espaço destinado aos cruzeirenses na arquibancada principal do estádio. Agressões contra idosos e uma bomba de gás lacrimogêneo. Jogo paralisado por quase dez minutos.

Intervalo de jogo e fui conversar com uns amigos que também estavam no alambrado, porém do outro lado do gol. Nesse momento, estoura uma briga, 12 caras batendo em um só. Esse sujeito recebeu o reforço de amigos e em seguida apareceu a PM para tentar resolver a situação. Só piorou, tamanha a violência que foi utilizada. A briga aumentou, e o jeito foi correr. Nessas horas, sobram socos, chutes, cotoveladas pra todos os lados. Disso pra frente foi lamentável. Cavalaria com espadas, espremendo os torcedores contra os muros, bombas de efeito moral, tiros de borracha, tiros de verdade e outras brutalidades. Um soldado apontando a espingarda para peitos e rostos. Fui embora do estádio aos 15 minutos do segundo tempo.

A Polícia Militar admitiu seu erro. Mas não acho que a culpa foi só dela. Os organizadores do evento claramente também têm sua parcela de culpa. Aquele estádio não comporta oito mil pessoas e não é possível fugir pra lado nenhum. O despreparo de todos era tamanho que no meio da confusão, um funcionário do Villa Nova queria trancar o portão com medo de pessoas entrarem no estádio, quando todos queriam era sair na verdade.

Comments (5)

  1. André

    Bicho… Tambem achei lamentavel… Mas tinha uns lances que não tem como NÃO QUERER RIR. A gordona tirando foto do policial… O que era aquilo? Ela era louca?? Tomou burrachada pra cara a fora! E a torcida entrando no ônibus?

    Cara, esta do “machucar seu saco” foi tambem hilariante… Abração!

  2. Amigão, vivencio coisa parecedia sempre que vou à um VascoxFlamengo aqui no Rio, sou rubro-negro e fico em torcida, o que acontece é os policiais acham que estão acima de todos, e não é bem assim, violência gera violência e esse ditado é bem antigo. A polícia sabe que começa o tumulto, mas tira proveito disso para praticar terapia em grupo deles, bater em tudo o que ver pela frente, ainda querem copa do mundo, imagina os hooligans por aqui?! putz…

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