Escrevi isso na terça-feira. Estive em São Paulo durante esses dias, por isso as reflexões saíram em um pedaço de papel
Salas de embarque, como uma sala de espera de luxo, sempre são ambientes divertidos e que te dão ótimas análises e observações. No momento, estou na sala de embarque de Confins, escrevendo isso utilizando uma caneca bic, o verso de um finado aviso da empresa (“Esclarecimento sobre novos telefones”) e o livro “Anjos e Demônios” como apoio pra isso tudo (fica tranquila, não marcou em nada a capa do seu livro). A letra obrigatoriamente precisa ser um garrancho, pra ninguém que eventualmente sente ao meu lado leia o que está sendo escrito. Acho que isso não vai acontecer, porque faço cara feia pra quem ousa se aproximar.
No máximo que consigo ver – quebrei meus óculos na quinta-feira passada – vejo um bando de gente igual eu. Bobos sem nada pra fazer, esperando os respectivos vôos serem chamados. A maioria fica pastando, olhando pro nada, outros falam alto ao celular, uns escrevem posts em versos de papel. Na verdade estava lendo o supracitado livro e ouvindo o primeiro disco do Rage Against the Machine. Além de desviar a atenção da leitura (comentário machista: mais até do que a aeromoça da Gol que desfilou por aqui minutos atrás), Rage te deixa afim de quebrar todo o recinto. Mais a mais, o livro é muito bom e terei muito tempo pra leitura na próxima hora.
O que eu realmente não entendo é a ansiedade que a galera tem quando o vôo é chamado. A mocinha mal começa a falar (“A TAM convida os passageiros para emb…”) e em 30 segundos é formada uma fila imensa. Fazem fila no portão de embarque, fazem fila na porta do avião. Correria à toa. Enquanto não chamam o vôo, vou ali no fundo da sala comer alguma coisa. Vou ter tempo de sobra, porque a julgar pelas pessoas que já estão de pé, esse vôo vai estar cheio.